segunda-feira, 27 de abril de 2009

Domingo dos Trepadores


Esta é a primeira mensagem neste espaço. E será em grande porque irei descrever um grande treino.
Vou-lhe chamar o Domingo dos Trepadores, porque foi assim que os companheiros de Loures, baptizaram a tirada.
Saída às 8:30 de casa rumo ao Carvalhal de encontro ao amigo Xico. Estrada ainda molhada, fruto dos aguaceiros da noite de 25 de Abril. Após 15 minutos, um percalço. Furo na roda traseira. Como sempre, é uma operação chata, que deixa as mãos complemente sujas, agravado pelo facto de ser logo no inicio do dia...Felizmente, a bomba de gasolina estava perto e a preciosa agua fez o seu papel. Ah,...também tinham papel para limpar as mãos, algo raro. Resolvido o caso, encontrei-me com o amigo Xico rumo a Runa passando pelo Figueiredo, onde deu para adivinhar o vento que se iria sentir durante todo o percurso. Chegados a Runa, virámos em direcção ao Sobral, sem que em amena cavaqueira, se ouvisse o Xico com as suas lamentações sobre o vento. De facto ao Domingo tem havido mau tempo para se andar de estrada.
Chegados ao Sobral de Monte Agraço, podendo afirmar-se como a primeira dificuldade do dia, para nós os dois, altura de fazer uma chamada para contactar o Freitas dos PinaBikes que vinham do Forte do Alqueidão. Reagrupados rumo a Arruda dos Vinhos, tempo para os habituais bons dias. Ah, o reencontro do Runa que marcou presença, após os 39,5 Kms/h da prova do dia anterior.
Na subida de Arruda, l houve ugar para as picardias verbais, que se encorporaram, após o Xico e outro elemento dos Pina Bikes, enrigarem o passo. Como sempre a resposta do Freitas fez-se notar e eu com mais alguns colegas de escalada deixei-me ficar quieto, que o motor a diesel demora a aquecer. Coloquei um passo certo controlando o grupo que estava a afastar-se mas convicto que seria por pouco tempo. A cadencia regular até ao alto da Mata fez-me notar que as boas sensações estão a regressar. Se não tivesse cometido o erro de enrolar uma taleiga durante alguns segundos, assustando os companheiros de escalada, a cantiga tinha sido outra, mas que não tirou o mérito de ganhar-mos terreno aos fugitivos dessa subida que foram ficando tresmalhados...mais uns 200 metros e ainda se alcançavam os mais lentos.
A descida para Bucelas, por Santigo dos Velhos, fez-se a top, tendo-se arriscado um pouco, conseguindo-se fazer a junção em Bucelas, desta feita com menos um elemento. Mais uma vez o Xico, imprime um andamento rijo mal a estrada empinou, logo na saída de Bucelas em direcção ao Freixial. Sempre a puxar, quase que se esquecia que a tirada nos levava para Ribas. Os primeiros metros desta famosa subida são conhecidos pela dura inclinação que por sinal fez os mais fortes distanciarem-se em crenques, enquanto eu, a fiz sentado em 38x25,. Mantive a distância e trouxe mais uma vez os companheiros da ascenção de Arruda, subida acima. Apliquei-me, sem exagerar, mantendo a cadência certinha, em ritmo vivo, com a qual gosto de subir (imaginando o Armstrong naquela cadência que todos já sabemos). Curiosamente o grupo de fugitivos a determinada altura deixou de se ver e indagando, pensei que poderiam estar a ganhar terreno, sinal que motivou fixar a cadencia para as 85, 90 rpm's. Infelizmente, isso fez estragos e ouve-se alguém atrás dizer que já chegava pare ele. Continuei e tenho de ser sincero,
deu-me um pouco mais de coragem para atacar a segunda metade da subida de Ribas que é um pouco mais dura a seguir ao Parque. Já no final dos últimos 100 metros avistei o Xico.
Período de neutralização com salutares palavras de encorajamento, vindas do autor do Blog Conversas de Ciclista, o Ricardo. Descida para Lousa nas calmas pois vinha ai a terceira dificuldade com a subida para Montemuro. Desta feita resolvi abordar a escalada na frente do grupo. Rapidamente os mais fortes do dia fizeram-se notar (Xico, Freitas, Ricardo e eu) ficando os restantes Pina Bikes mais para trás. O ritmo foi subindo e estava comestível até que o Xico, mais uma vez, resolveu colocar-se em crenques. Pelo maneira como saiu pareceu-me que ia durar pouco, pelo que deixei-me ficar com o andamento que trazia. Um nada pesadote para o local. Veio a provar-se um grande erro. Deveria ter baixado um andamento, e assim, com mais rotação, tinha acompanhado o grupo, mesmo perdendo 5 metros iniciais resultantes do arranque do Xico, facilmente recuperáveis. O certo é que a pronta resposta do Ricardo e do Freitas, que se limitou a seguir, foi imediata e isso cavou ainda mais distância para mim. Tive de me agarrar ao guiador e forçar o andamento sem fazer subir muito as pulsações. Ainda faltava uma subida para atirada do dia (Salemas), embora sem certezas, pois eram 11:30 e tínhamos
(Xico e eu) de regressar mais cedo a Torres Vedras.
De Rogel até Santo Estevão das Galés tive a oportunidade de conhecer uma nova estrada que liga as duas localidades com uma vista magnifica para um vale que ali se forma.

Despedidas aos bravos companheiros de Loures e rumo a Torres Vedras. O pensamento de ter descolado em Montemuro com tamanha infantilidade
e na subida que mais aprecio, não me abandonava, acrescido agora da nortada que se fazia sentir.
Até à Malveira o vento teimava em soprar forte. Estava feita a previsão do que seria chegar a casa, embora a seguir à Malveira seja praticamente sempre a descer até Torres Vedras. O certo é que o Xico e eu tivemos de puxar com afinco, embora tenha ficado com a sensação que estava a empurrar o vento, pois bastava aliviar o pedal e a bicicleta quase que parava. O Xico a rolar nestas condições prefere ficar na retaguarda, pois as condições atmosféricas não eram (e sabemos que não são do seu agrado).
-Ainda vamos apanhar uma molha, oh Vasa. E lá comentei: -Era só o que faltava-, não deixando de olhar o céu que se avizinhava mais escuro a Norte, esperançado que o velhinho equipamento da Recer Boavista que o Campeão Joaquim Gomes me deu há já bastantes anos, não fosse ficar molhadinho.
Quando estou com medo da chuva, dá-me uma gana de carregar os pedais, talvez para aquecer as pernas e o tórax, pois aquele vento era gélido e parecia saído de alguma arca congeladora que alguém tinha deixado com a porta aberta.
-Vasa já chega, não carregues tanto, dizia o Xico na entrada da Freixofeira onde o vento parecia querer infernizar ainda mais o dia. Ainda dizem que o inferno é quentinho...Reduzido o andamento, despedidas em Carvalhal, com os habituais: Porta-te bem, ...e lá continuei para casa pensando no belo duche quente que me esperava. Absorvido ainda com a subida de Montemuro, tempo para fazer a subida do Carvalhal tentando testar o belo IBIKE (potencimetro), colocando a fasquia entre os 350 e os 380 watts com a cadencia a rondar as 85 rpm. Abrigado com a encosta da Serra da Vila a servir de quebra vento, lá dei comigo a perseguir um ciclista solitário que decerto também teria enfrentado as mesmas condições. Ao aproximar-me, verifico que a potencia descia, motivado pelo desacentuar da inclinação e verifico que afinal o tal ciclista devia ter idade para ser o meu avô. Não deixo de admirar e pensar se com a mesma idade, ainda terei coragem para sair sozinho como ele para a estrada, enfrentando as condições que este Domingo a Mãe Natureza nos estava a presentear. Tempo para voltar a colocar o aparelhómetro na fasquia pretendida, enrolando bem os pedais até ao alto do Catefica. Mais uns quantos ciclistas para ultrapassar já na rotunda do cacho de uva qual obra modernista que a resina e fibra de vidro não consigam realizar pela módica quantia de...uma fortuna.

Chegado a casa, noticias de que afinal o almoço que estava programado iria ser um pouco mais tarde. Afinal podia ter continuado com os Pina Bikes para a derradeira subida de Salemas...Fica para outro dia.

No próximo domingo gostava de fazer uma tirada idêntica, mas mais concentrada na zona de Lousa e Ponte de Lousa pois o Google Earth diz-me que por ali existem umas subidas boas para se fazerem...quem ler isto ainda pensa que sou algum trepador de jeito...lol.

Abraços ciclómonos,

Feliciano Vasa também apelidado RAZA pelo Rocha...lol

Ps: da próxima vou levar maquina fotográfica ou alguém se lembre de tirar umas fotos. Este rescaldo tem relação com o blog Trepadores foi excelente treino

1 comentário:

  1. Parabéns pela magnífica crónica, camarada Vaza. Vocês (tu e o Xico) são óptima companhia (bons atletas e porreiraços), por isso, é sempre um privilégio alinhar convosco nas lides velocipédicas.

    Continua a «bombar», nos blogs como na estrada.

    Abraço

    Ricardo Costa

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