quinta-feira, 27 de agosto de 2009

As Voltas e as aventuras Serranas -parte1-


Vista de Loriga onde dizem ter habitado Viriato


Após ter havido um contratempo na redacção do artigo, (apliquei o corte a uma imagem que se estendeu a todo o texto) estou de volta para contar as aventuras serranas.

As voltas totalizaram mais de 700 kms em terreno montanhoso. As paisagens são profundamente arrebatadoras. O granito marca presença intensa que moldou as gentes desta região que pertence ao coração de Portugal. Foi também onde Viriato reuniu várias tribos lusitanas para fazer frente aos invasores Romanos. Armados talvez de cajados e da famosa falcata (ide ver no google, vá), percorreram e resistiram quando puderam ao invasor. Montados em parelha sob os ágeis cavalos lusitanos, desenvolveram uma técnica de combate furtiva que viria séculos mais tarde a ser utilizada pelos Pobres Cavaleiros do Templo de Salomão, conhecidos por Templários. Enquanto o peão saltava da montada e aproveitava a confusão gerada pelo cavaleiro, este usava-se da velocidade e manobralidade, para causar estragos. Desapareciam da forma que apareciam, furtivamente, deixando atrás de si um rasto de temor. Além disso a falcata era tecnologicamente mais avançada do que as armas romanas. Quis a História que anos mais tarde, também nestas terras, se resistisse mais uma vez aos invasores franceses em Almeida.

Percorrer estas estradas, que são muito mais abrasivas (tive de mudar de pneus, pois um deles, o detrás, ficou liso), remete-nos para a constatação de que o granito, áspero e duro, faz destas paragens, duras e ásperas voltas a se juntou muitas vezes o calor abrasador. Calor esse que emana das gentes destas paragens que contrastam com a rudeza das suas faces moldadas pelos Verões e Invernos muitos intensos. Cada mesa que se visite é imediatamente cheia das melhores iguarias, que estão guardadas para as visitas (um conselho nunca recusem nada, é ofenisvo). É assim o Povo Beirão. Genuíno, gentil, habituado à rudeza, que sabe acolher, que é humilde, mas que nos momentos mais difíceis sabe resistir como mostra a História. Povo que contrasta muito com algumas figuras da politica portuguesa que decerto já perderam as suas referências, as suas raízes!

Todos já experimentaram os estalinhos nos ouvidos na subida, através dos túneis da Gradunha. É sinal de que estamos perto de uma altitude a rondar os 800 metros. Esta altitude mantém -se constante nas paragens que tive oportunidade de percorrer. A mais alta foi obviamente 1920, quando fomos à Torre. Falarei disso mais à frente.



Após desfazer as malas, no dia seguinte à chegada, no "albergue" típico, qual centro de estágio improvisado, parti rumo à Guarda. Teve de ser de manhã bem cedinho pois o calor ameaçava. Na subida para Guarda, vieram as piores sensações. Talvez porque o efeito da altitude estivesse a causar uma quebra de rendimento. Assustei-me. Resolvi mesmo assim continuar, rumo a Porto da Carne, para depois virar à esquerda até Mizarela. Pude apreciar uma das mais belas paisagens desta região. E lá estava a estrada Romana a testemunhar que afinal Viriato tinha sido traído!



As aguas cristalinas que passam por debaixo da ponte convidavam a um banho, que ainda foi equacionado. Era meio-dia.


De Mizarela, até à Guarda é sempre a subir. São quase 10 Kms, que me levaram a pensar como seria a vida destas gentes, o povo, como lá se chamam, quando em tempos idos, forneciam a cidade com as suas frutas e legumes frescos.
Durante a subida podemos apreciar a barragem do Caldeirão com o enorme espelho de água, que dantes descia o vale até Mizarela sob cascatas.


O regresso para a Guarda foi bem melhor. Embora as pernas e a respiração acusassem o calor intenso. Estava completo o primeiro treino.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Obrigado pelo convite, aceito o desafio

Fez-me o Feliciano Ferreira chegar o convite para colaborar neste Blog. Não nos conhecemos pessoalmente - provavelmente já nos cruzámos dezenas de vezes, tantos são os anos que ambos levamos de Ciclismo - mas não nos conhecemos pessoalmente e, creio, apenas uma única vez (e eu ainda não cumpri o prometido) falámos ao telefone.

Para quem não sabe quem sou... o nome é Manuel José Madeira, sou Jornalista de profissão (no Jornal A BOLA), com 15 anos ligados ao Ciclismo. Há quatro que, por motivos que não interessam, o meu nome deixou de aparecer ligado à modalidade, o que não significa que tenha deixado de a acompanhar e de me manter informado.

Defendi, no meu próprio Blog, a exiquidade da formação de um bom projecto ciclista, em termos profissionais, na Zona Oeste. Não mudei de opinião.

Afinal de contas, mesmo não esquecendo - seria crime lesa-ciclismo - nomes como o lordelense Ribeiro da Silva, do bairradino (mais por afinidade do que por nascimento) António Alves Barbosa, dos algarvios José Martins, o primeiro, ou Jorge Corvo, do minhoto José Martins, o segundo, ou do feirense Fernando Mendes (não posso ser exaustivo), de onde são, ou foram, no caso maior do Ciclismo luso, e refiro-me a Joaquim Agostinho, naturais algumas das lendas da modalidade no nosso país?

João Roque, António e João Marta, Carlos e Nuno Marta... também mais por afinidade à região do que exactamente por daí serem naturais, Orlando Rodrigues, Vítor Gamito, Hugo Vítor, Hélder Miranda...

A Região Oeste sempre foi uma verdadeira cantera e, tanto quanto julgo saber, a tradição não se perdeu.

Aceitando o desafio, passo, a partir de agora, a fazer lobby pela criação de um grande projecto profissional nessa Região que já teve sedeada uma das melhores equipas nacionais de sempre, a Sicasal-Acral que nasceu, para quem não sabe ou se não recorda, no seio do Sport Clube União Torreeense.

E temos a Malveira - com Túlio Pereira - e outros exemplos.

Como tenho o meu próprio espaço de Opinião, aceito colaborar no Voltas ao Oeste como simples observador e, se os leitores deste Blog assim o entenderem, e os seus responsáveis não se importarem, como 'consultor'. Explicando: se tiverem dúvidas, se acharem que eu os posso ajudar... façam o favor de pôr as vossas questões. Tentarei responder a todas elas.

Não termino esta minha primeira intervenção no Voltas ao Oeste sem, uma vez mais, agradecer o convite. Espero não vos decepcionar.

Um grande abraço para todos.

Manuel José Madeira

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Alteração da Rota da Classica Guarda Torre Guarda

A pedido de algumas pessoas e por motivos relacionados com a data do evento e disponibilidade horária, o percurso da Super Classica Guarda Torre Guarda será alterado.

A proposta inicial possui segundo alguns demasiado quilómetros para ser efectuada a um Domingo. Existem pessoas que me transmitiram a vontade em comparecer, mas trabalham no dia seguinte, para além de terem de se deslocar para casa após intensa etapa.

Assim ponderei e decidi colocar à vossa sugestão um trajecto mais acessível. Desculpem-me aqueles que gostavam do trajecto inicial, que motivou grande entusiasmo.

Assim o percurso será cortado em alguns quilómetros (não se descerá até Seia nem Gouveia) e no Sabugueiro encurtaremos a tirada em direcção à EN232 rumo a Penhas Douradas.

Realço que à dois anos atrás o Xico, o seu Irmão, o Bruno Espinha, o João Faria, o "Virenque" e eu fizemos um percurso semelhante embora com inicio na Covilhã. Além disso também destaco o facto de há algumas semanas atrás o José "Cancellara" Manso fez identico percurso. Não é impossivel. As limitações somos nós que impomos a nós mesmos. Está na hora de ultrapassar as limitações de cada um!

Percurso sugerido:


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sábado, 8 de agosto de 2009

Super Classica Serra da Estrela 2009 Guarda Torre Guarda

Ainda não tive tempo para fazer um bom cartaz sobre esta tirada.

Já decidi qual o percurso e o dia, depois de em conjunto, ponderar todas as opiniões expressadas no blogue e em conversas particulares.

O dia será:

Domingo 23 de Agosto.

Cidade escolhida para concentração: Guarda

Local de concentração: Rotunda no final da Avenida de São Miguel com a Avenida da Estação

Hora da concentração: 8:00

Percurso: Podem ver no mapa.


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Localidades que "visitaremos":

Guarda 3ª Cat
Valhelhas
Manteigas
Torre Cat especial (neutralização)
Seia (neutralização)
Santa Comba
Gouveia
Penhas Douradas 1ª Cat (neutralização)
Manteigas (reasbastecimento)
Valhelhas
Fernão Joanes
Trinta 2º Cat
Chãos
Guarda 1ª Cat

Espera-se Sol durante todo o dia com temperaturas a rondar os 24º médios. Vento fraco.

Precauções: O percurso engana muito. A primeira dificuldade apresenta-se na subida para a Guarda que deverá ser feita em ritmo de aquecimento. Desde a Guarda até Valhelhas é quase sempre a descer, mas dá para enrolar a taleiga! Até Manteigas teremos falso plano num vale que normalmente sopra de Oeste, portanto de frente.

A subida para a Torre começa com muita inclinação na saída de Manteigas que depois estabiliza. O piso está duro, o que incomoda e pesa nas pernas, só suavizando após a curva do Parque de Campismo. Até ao alto da Torre o piso é bom mas as pendentes acentuam-se mais.
Extremo cuidado será necessário na longa descida até Seia. Recomenda-se que levem coletes e manguitos, ou que adquiram um jornal num restaurante na Torre para colocarem no peito. De Seia até Gouveia é recomendável repor líquidos e alimentar bem o estômago. Gouveia estará próxima com a sua aproximação difícil nos metros iniciais. Penhas Douradas será local para neutralização. Até Manteigas cuidado redobrado devido às suas curvas acentuadas. Após Valhelhas teremos uma subida de 2ª Cat que engana muito. A subida pode ser feita em taleiga mas haverá quem se arrependerá! As pernas e os quilómetros irão pesar nos metros finais, após passarem por Fernão Joanes. Desce-se novamente para a Barragem do Caldeirão onde serão presenteados com mais uma vista magnifica. Nova subida com uma rampa pronunciada até à EN16. Sempre a subir até à Guarda com as reservas no limite.

Ritmo livre apenas para: Manteigas-Torre; Gouveia - Penhas Douradas

Acreditem que vão precisar uns dos outros após Valhelhas!

No Sábado anterior haverá uma volta em que iremos da Guarda até Mizarela para aquecer as pernas.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Peninha de Sintra DOM2AGO2009


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Quando ao telefone, o Xico sugeriu uma ida a Sintra, senti uma frieza no estômago.
Recordava-me da ultima vez que tinha lá ido, com bastantes furos abaixo do que era habitual.

Combinámos o encontro, embora nesse dia a vontade e disposição fosse quase...digamos nula! Venceu a palavra de honra, como é habitual. Curiosamente após termos cruzado com o Manso para seguirmos via Malveira, Igreja Nova, comentávamos a disposição que ambos partilhávamos. Quando assim é, a homogeneidade nivela os andamentos.

No percurso aconteceu o insólito que nem me atrevo a retratar, pois o Manso fez isso com muito mais humor:
"Com a surpresa da presença, na volta de hoje na subida de Vila Franca do Rosário, "do pequenao anão de tamanho médio, eufórico" e da respectiva patroa, capaz de fazer voltar as cabeças de 3 tristes ciclistas acabados de se reunirem, mulher esta que aparentemente fazia jus ao termo "Maria vai com os outros que ele deixa, não se importa e até apoia", retratos bem diferentes de um Portugal profundo e distante de todas as preocupações do poder central, a volta ficou marcada, definitivamente, por considerações que aligeiraram a seriedade do restante percurso e impediram-me de fazer a sugestão para a incursão serrana!
O fantástico é que de um encontro tão fugaz resulta conversa para tanto tempo... estamos todos a precisar de férias! "

O Manso que partilha da nossa motivação de conhecer novas estradas e descobrir novas dificuldades para superar, lembrou-se do Carvalhal de Mafra. Lá descemos com um piso totalmente renovado. Época de eleições e o Ministro dos Santos não brinca em serviço!

Almorquim era a subida que despertava curiosidade no amigo Manso. Também com novo pavimento, agora está mais fácil. Fez-me lembrar as vezes que eu e o Joaquim Gomes passámos por essa pendente, comigo a arreganhar os dentes. Por esse motivo, avisei toda a gente:
-Pessoal esta subida engana. Acataram a sugestão, tendo em consideração que surgia na nossa frente, após saída da localidade, uma rampa que mete medo. Pelo menos a quem, desalmadamente, arranque forte no inicio da subida.

Ultrapassada a pendente que suaviza no final, trocámos várias temas de conversa.
Não vou aqui revelar o conteúdo, mas os mexericos, a dor de cotovelo ainda impera em muitas mentes da nossa praça. Se querem saber a pastilha que tomamos é a Gorila! Qualquer dia, se esses mesmos que falam nas nossas costas aparecerem podem saborear também o sabor a: morango menta, etc.

A aproximação a Sintra foi, como não podia deixar de ser comandada pelo Manso a imprimir o habitual andamento digno de um rolador de excelência. Admiro o Manso por várias razões, mas no plano desportivo saliento a sua prontidão para colocar a peito ao vento. Se dizem que eu rolo bem o que dizer do Manso...Voa literalmente, é o Cancelara! Se houve poucas vezes que a rolar tive de cerrar os dentes, algumas foi com o Manso!

A subida de Sintra foi desta feita efectuada comigo no comando em direcção à rotunda da EN9, pela Estrada dos Meninos. A frescura das árvores convidou a ritmo digamos...acelerado. Tínhamos decidido que iríamos subir pela Lagoa até à Penhinha. Já não me recordava das duas rampas da subida da Lagoa, onde na primeira o Xico arrancou com grande determinação, e o Manso me largou na segunda, após "atacar" tentando uma aproximação ao Xico, esquecendo-se que a subida não acabava tão cedo. Resolveu esperar por mim e acompanhar-me até ao final. Próximo de um cruzamento, antes de Malveira da Serra, parámos e conferenciámos, algo que não daria para fazer em grupos grandes.
-Epá, onde irá isto dar...comentavam o Xico e o Manso.
-Lá acima não, respondi eu enquanto avistava os Capuchos, olhem vamos arriscar logo se vê. Concordaram e fomos presenteados com umas das subidas mais bonitas que já fiz. O Xico como de costume meteu o passo e resolvi não descolar. No final, ficou decidido por todos que iremos um destes dias fazer uma volta exclusivamente em Sintra, descobrindo subidas e descidas nesta serra.

Giro era as Marias irem connosco, passeavam-se em Sintra e ao almoço reuniam-se connosco para almoçar-mos todos. Fica a sugestão!