quarta-feira, 29 de julho de 2009

Crónica de Montejunto

Como de costume, Domingo é dia para uns encontros com mais carga horária e por vezes com mais intensidade. O passado Domingo, 26 de Julho, foi prodigioso em atletas que são um habitué, no grupo de Loures aos quais nos juntámos.

Subimos até ao Forte do Alqueidão e nada de ciclistas da chamada equipa A dos PinaBikes. A equipa B acabava por se cruzar connosco, depois de termos assistido a um acidente de bicicleta. Um senhor nos seus 60 anos acabava de receber assistência de uma ambulância e foi encaminhado ao hospital. A sua cara revelava a violência com que tinha sido alvo, após uma queda numa curva cheia de gravilha.

Finalmente, e depois de andarmos a descer Alqueidão e subir, aparecem mais dois companheiros: Paulo Pais e Runa. De imediato surgem os Pinas B, com o Carlos Gomes a liderar.

Até ao Sobral deu para fazer uma experiência cinematográfica.





O ritmo estava relativamente baixo e resolvi acelerar, para aquecer o "carburador" até à Merceana, sem que me destacasse muito, ou obtivesse companhia de relevo para brincar um pouco. Estava a sentir-me bem. Na primeira dificuldade em Merceana resolvi colocar o passo na subida, com vento de frente, e parece pelo relato nas Conversas de ciclista, que causei mossa. Conduzi o pelotão até Atalaia contando com a curta colaboração do Runa. Todos estavam a guardar-se para a subida da Serra de Montejunto.

Em Atalaia, o Paulo Pais ataca a rampa logo que o asfalto inclinou. O Rocha conduz durante os metros iniciais, e o Carlos Gomes assume as despesas logo de seguida, comigo na sua roda. O vento estava de frente, o passo do Carlos era rijo mas perfeitamente tolerável. Na saída de Atalaia, juntou-se também à nossa frente o Gustavo da Bicigal. Na curva, que nos presenteia uma longa recta, o vento soprava de frente e ia fazer estragos.

Verifiquei, e mais tarde conclui que os restantes elementos, estavam a cortar-se demais, e fiz o meu teatro. Deixei a roda do Carlos, só para ver o que dava. E resultou. Começavam os ataques, de frente ao vento e eu a gozar o belo espectáculo. Por pouco tempo, pois tive de recolar e levar todo o grupo atrás, porque o Runa, a minha roda na altura, resolvia sair e partir para fuga com o Carlos Gomes. Levei o grupo sozinho até aos que tinham saltado do grupo e alcançavam o Paulo Pais.

Depois seguiu-se um "bailado", nas palavras do Ricardo que estava a meter-me...nervos, enfim. Ninguém puxava e ainda para mais iam na roda do Paulo Pais, visivelmente em descompressão. Ao ponto de afastar-se para o meio da estrada para dar a vez a outros, que o seguiram. Tive de travar várias vezes.

Chatiei-me com aquela táctica individualista. E saí dali ao encontro do Carlos Gomes e do Runa que alcancei antes de Vila Verde dos Francos, dando um toque ao Runa que seguia na roda do Carlos:
-Pessoal deixem-me puxar que vos vou levar o mais longe que conseguir. Lá atrás aquilo parece uma corrida...Até Vila verde dos Francos mantive o ritmo que trazia. No cruzamento para a serra, estava um carro a barrar-nos o caminho. Tivemos de reduzir, e tentei colocar-me em crenques, mas estava a acusar todo o esforço despendido anteriormente. O Carlos assumiu o trabalho e distanciou-se com o Runa:
-Oh Vasa, vá lá, vem com a gente.
-Oh pessoal estou a acusar o esforço, vou no meu passo.
-Pôxa Vasa, vais dizer que não vens? dizia o Carlos com o Runa a tentar-me convencer também.

Bolas, sou teimoso, agora em casa penso que devia ter ido. Mas também não iria assistir ao espectáculo que estava para acontecer.

Resolvi abrandar o ritmo, e lá fui subindo apreciando a paisagem. Uma pessoa vai tantas vezes lá acima que também tem direito a desfrutar da vista. Entretanto sou alcançado antes dos pinheiros, com o Xico a pensar que o meu esforço tinha sido inglório, conforme me confidenciou de volta para casa. Ouvi alguns cliques nas bicicletas, sinal que estavam a meter ou a tirar andamentos, o que afligiu ainda mais o Xico. Ao passar olhou para mim, e percebi logo o que se estava a passar. Entretanto vejo o André a descair, e cubro a distância para ajudá-lo. Já depois dos pinheiros, o ritmo abrandava, ou as pernas melhoravam agora que estavam na nova cadência imposta pelo grupo perseguidor. Passo para frente e o Xico faz-me sinal para abrandar. Mas qual abrandar, percebia-se pelo andamento do André e pela respiração de outros que tinha havido mossa lá atrás.



-Ora vamos picar isto...já que passaram por mim a meter andamentos...
Mal acabava de pensar isto e assumir a condução do grupo, salta o André, em grande estilo, no melhor local para o fazer, onde se embala a bicicleta. Muito bem!
Ninguém respondeu e ainda me deu mais certezas que tinha mesmo havido mossa. Boa André!
-Resolvi colocar um passo aceitável, já com ideias de acelar mais acima quando passámos dos 6% para os 8%. Sentia que cá atrás vinha menos gente, mas nem me dei ao trabalho de olhar. Estava a começar a concentrar-me e não ia distrair-me.
Colocava-me em crenques, com pequenas acelerações, num nitido ritmo irregular, mas que estava a gostar. O xico a dado momento antes dos 8% aparece ao meu lado ligeiramente descaído e resolve falar:
-Isto devia ir era a 18 à hora. Percebi que era a dica para acelerar mais. Olhei para o mostrador e...a pulsação...e bora lá para 18 à hora. Causava mossa ao meu amigo Gustavo:
-Gustava cola lá, vá devagar, dizia o Xico, comigo a pensar:
-Epá não vou deixar o Gustavo, vou manter o passo...O comandante das operações, o Xico, sentava-se atrás de mim, (sei disso porque se ouve o clicar dos crenques dele a cada rotação, irritante, mas desta vez foi util). Era a garantia que o Gustavo estava connosco. Acelerei até ao final da subida. Durante a fase de recuperação, a descer, nem estava com muita vontade de ir às antenas, mas o Xico incentivou-me.
-Epá, já trabalhei muito hoje, disse
-E que trabalho, respondeu o Xico,
-O que é que ele disse, respondeu o Freitas. Opá o rapaz ainda está aqui...

Lá resolvi subir ao lado do Freitas.
-O Xico tem cá uma força, dizia ele
-Ya e nem treina muito, respondi.

Meti o meu passinho, olhando para cima tentando ver onde andavam o André Nem sinal deles. O Xico adiantava-se ao Gustavo e marquei a roda do meu amigo para o seguir à distância, sem elevar demasiado a pulsação que ia nos 170. Chegado acima até ao portão da Força Aérea vi que tinha um bom tempo. Com uma recuperação também rápida que caiu logo após alguns segundos para os 117. Nada mau!

Voltando para trás, cruzei-em com o Carlos:
-Pá, não sabias ter vindo connosco, em tom reprovador, mas amigo, iria perder o festival!




No regresso ainda houve pernas para subir para o forte de Torres Vedras. É uma rampa com locais a 16,8% que foi feita por mim e pelo Xico a grande velocidade nos metros iniciais, comigo a responder prontamente ao ritmo imposto pelo Xico subida acima. Nos metros finais, sentado, saí para frente sem grandes dificuldades, o que atesta que o plano de treino que estou a seguir (e que podem ver mais atrás), está a dar frutos.

Boas pedaladas, ciclómanos do Oeste!

O Manso este fim de semana fez uma tirada na Serra da Estrela com 198 Kms com média de 25 Kms/h. Saiu da Guarda em direcção a Gouveia passou por Seia, Torre e acabou na Guarda.

Épico! Está de Parabéns!

1 comentário:

  1. estas em forma grande vasa,a recuperar assim ninguem t pára..xD 170 de pulso e passado alguns segundos estares a 117..temos homem..xD

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