quarta-feira, 9 de setembro de 2009

As Voltas e as aventuras Serranas -parte3-


Segunda feira. Estava combinado uma saída com o Manso que é natural desta região. Antes de sair bem cedinho, um imprevisto. A roda detrás tinha o pneu todo careca. Valeu a boa ideia de ter levado pneus suplementares, conhecendo já o asfalto desta região.

Após 30 minutos de atraso, encontro o Manso que tinha vindo ao meu encontro. Apesar de estar com o ouvido direito inflamado (otite), apareceu para uma volta que viria a ser épica. A sua proposta era: subir por Manteigas até Penhas da Saúde e voltar para a Guarda por Covilhã. Achei demasiado duro. Durante o percurso até Manteigas, concluímos que a subida até Penhas da Saúde seria muito dura para o estado físico do Manso. Assim, sugeri que subíssemos até Penhas Douradas, pois a inclinação dessa pendente é muito mais suave.
Durante o inicio da subida o calor começava a marcar presença. As curvas constantes ao sabor da encosta virada para o vale talhado pelo glaciar que existiu à milhares de anos, fornecem uma vista magnifica. As fontes de água fresca abundam. Após alguns quilómetros de subida, a missão foi encontrar uma dessas fontes. O Manso estava com pouca água nos seus bidons. A mim, fazia-me jeito água fresquinha. Numa dessas fontes, o prazer de sentir a agua na cara foi enorme. A temperatura da água contrastava com o calor que a sombra das árvores não conseguia evitar.

Uma vez em Penhas Douradas decidimos descer até Gouveia. A descida se efectuada com tudo metido, a velocidades mais afoitas, torna-se perigosa. A sua pendente é no máximo 6 %. Ficou decidido fazê-la num futuro breve. São 21,2 kms sempre a subir com uma paisagem belíssima a nossos pés, ou melhor a nossas rodas. A parte mais dura encontra-se no seu inicio, com 10%.

Tomámos a N17 em direcção a Vila Cortês, após chegados a Gouveia. As intermináveis rectas com pendentes nunca inferiores a 4%, acrescidas de vento frontal e do esforço realizado, estavam a dar os seus sinais, que justificaram moderação, com o Manso a avisar sempre que alguma era mais dura.
A comida também estava a desaparecer nos nossos bolsos. Resolvemos parar em Casa do Soeiro para reabastecer. Paragem que se revelaria errada, pelo menos para o Manso. O excesso de bebida (sumo "quase" natural de laranja), motivou problemas gástricos no meu amigo.

Após Porto da Carne, tivemos de parar. Pensei o pior, pois o seu aspecto, branco como cal, denunciava o seu estado. Após alguns minutos, restabeleceu-se. A subida de Porto da Carne até à Guarda é bastante fácil, entre os 3 e 5%. Ainda esperava-nos algumas latas de Coca-Cola até ao seu destino. Um telefonema, ditaria se o Manso acabava o seu sofrimento na Guarda ou em Cheiras, 20 kms mais à frente numa aldeia perto da que eu estava alojado. Afinal teve de prolongar com muita atitude até Cheiras. Grande Manso. Após esta aventura, como de costume, ainda me restaram forças para em jeito de conta-relógio, simulando uma chegada, atingir uns belos 350 watts de potencia constante até ao celebre cruzamento (onde se vira para Carvalhal) que teimava em não aparecer.

No total esta aventura de 6 horas e meia representava 182 kms com subidas a 1438 metros. Excelente!

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