segunda-feira, 18 de maio de 2009

Em Itália, no Giro, ciclista despenha-se

Não são só os aviões que se despenham. Os ciclistas também voam por ravinas, e pelos vistos também da memória dos jornais desportivos, desumanizados!
Pedro Horrillo, foi vitima de um aparatoso acidente que o lançou por uma ravina aterrando a 60 metros. Foi necessário ajuda do Corpo Especial de Resgate Alpino para o encontrar e socorrer. O atleta com múltiplas fracturas, esteve em coma induzindo pelos médicos. Oxalá ocorram as rápidas melhoras deste ser humano.



Entretanto, na nona etapa do Giro houve protesto por parte de todo o pelotão, devido às inseguras condições do circuito na cidade de Milão, com carros na faixa de rodagem mal estacionados e curvas demasiado apertadas. Itália é conhecida (negativamente) pelo seu comportamento do povo e pelo seu transito. A sua capacidade inventiva premeia-nos com Ferrari's e ao mesmo tempo com cidades sujas e indisciplinadas. Disciplina vem de discípulo! Disciplina é pois respeito e acatamento relacionados com aprendizagem!



Podem ver mais também em Veloluso.

Domingo foi dia de treino severo. Não porque o tempo estivesse desagradável, mas porque é altura de as domingueiras servirem de base para aumentar a carga de treino em termos de intensidade e duração. Após Sábado, ter sido dia de o Chico subir a Montejunto por Vila Verde dos Francos, em ritmo sempre constante, que totalizou 8 kms desde o Rodeio até ao alto, em 25:30. Assim mostra o ficheiro do Ibike. Na Quinta feira anterior consegui fazer menos tempo em 24:00, mas com menos potência desenvolvida. Ainda ando ás voltas para comparar os dois ficheiros e ver onde estão os factores que determinaram a diferença.
-Bolas Vasa, que loucura de ritmo, disse o Chico na primeira fase da subida, em que a média de potencia desenvolvida mostrava uns contantes 333 watts. Desta vez a subida custou mais (Taxa de Esforço Percepcionado). Nos últimos metros, o Chico tomou a dianteira e controlou o passo também no limite.
-Pá gosto deste tipo de subidas. Fortes no principio...quando saíste (sair é arrancar subida acima sem atacar) em Vila Verde até me assustei.
- Mas custou-me vir ao teu passo até cá acima, dizia eu, com a respiração ainda ofegante, convencido que tinha melhorado o tempo desde a ultima subida. Olhei de relance e o mostrador marcava 180 BPM - Batimentos por Minuto.

Mas falemos de Domingo. Torres Vedras enche-se de ciclistas por volta das 8:30 e as 9:00 da manhã. É vê-los passar isolados e em grupos que chegam a atingir mais de 20 ciclistas. Só que ontem juntámos muitos mais. Desde Torres Vedras até ao Bombarral colavam-se a nós grupetos dispersos. O Chico teimava em colocar um passo certo. Era dia de carregar no pedal, pois tínhamos falhado o convite dos Pina de Loures que iam à Malveira da Serra até à Peninha.

Num dos grupos ia o famoso ex ciclista João Roque. Com uma idade avançada ainda faz os seus treinos regulares. Vejam na foto está assinalado e de Recer Boavista.



O ritmo foi deveras severo e até ao Outeiro da Cabeça e as bocas do pessoal fizeram o Chico zangar-se.
-Chico não apertes muito que dormi mal...
E os tipos cá atrás falavam numa algazarra pegada.
-Ai que hoje vou mortinho para casa, se estou assim no principio com este gajo cheio de força,... pensava eu. Lá olhava para roda da frente do Chico que se adiantava uns centímetros. No meio do falso plano..lol... do Outeiro o Chico resolve afastar-se da frente para se assoar e eu mantive o passo até ao topo.
-Afinal o Vasa ainda queima...lol, pensou ele confessando-me isso no final do treino.

No Bombarral a média estava nos 34 Kms/h. Passámos o Bombarral e alguns deles mantinham-se e reagrupavam após sprint vigoroso na entrada da Vila. Pensava eu, mas isto vai ser assim? Felizmente começava a sentir-me melhor e juntava-se a nós um jovem sub 23 que corre na Fonotel. Lá continuámos até Caldas da Rainha após o grupo que nos acompanhava ter voltado para a Roliça.
A filosofia do treino mantinha-se com ritmo certo mas rijo com o "pro" a sair no final das subidas. O certo é que durante muito tempo tomei a dianteira mantendo a setinha do mostrador do velocímetro para cima, que indica que estamos a velocidade acima da média. Já na Vermelha o Chico dava os sinais de que as suas pernas estavam a acusar o treino. Na subida eu disse-lhes:
-Epá, vocês vão-se embora que eu fico. Mas pensei que eles iam mesmo embora e lá continuei a enrolar. O certo é que o Chico na minha roda riu-se.
-Assim é que ficas...querendo dizer que continuava em bom ritmo. Ás vezes a nossa percepção diz-nos para aliviar, mas o ritmo que já alcançámos com a cadência, permite continuar e quando damos por isso chegamos até ao final integrados no grupo. Voltámos para Cadaval em direcção ao Vilar onde coloquei o passo. Agora por motivo de algumas subidas a média tinha baixado, mas os 30,8 kms/h iriam durar até Ameal, onde se despediu de nós o tal "pro" sub 23. Ah, é verdade, ele é colega do Micael Isidoro que está de convalescença após intervenção a uma hérnia. As melhoras rapaz!

O final do treino foi mais calmo:
-Tenho as pernas muito mal tratadas, disse o Chico.
-Eu não...existem coisas que não se compreendem. O factor psicológico é sem dúvida essencial no treino. Durante algum tempo a mentalização que realizei dava os seus resultados. Repetia e visualizava as pernas e receber energia e a trabalhar como pistons. Pensava em coisas positivas, de perseverança que estavam a resultar. Talvez por o factor mental ser tão importante, começam a chegar ao ciclismo, oriundos dos EUA, métodos de treino mental destinados aos desportistas. De facto treinar apenas o aspecto físico equipara-se a uma roda de bicicleta sem ar dentro. Ou a um veleiro com o casco "mega" deslizante com as velas rasgadas... ou com pouco pano.
Levei o Chico até ao Carvalhal e ainda tive coragem para subir a Serra da Vila!

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